Contratar pessoas certas é uma das ações mais estratégicas e impactantes dentro de uma organização. Além de evitar prejuízos com desligamentos precoces e realocações constantes, decisões bem fundamentadas contribuem para fortalecer a cultura, melhorar o desempenho e aumentar o engajamento da equipe. E nesse processo, a avaliação psicológica se torna uma ferramenta valiosa — muitas vezes subutilizada.

O que é avaliação psicológica?

A avaliação psicológica é um processo estruturado, realizado por psicólogos(as), que busca analisar, por meio de instrumentos científicos e padronizados, aspectos comportamentais, emocionais e cognitivos de um indivíduo. Ela vai além do que é dito numa entrevista ou aparece no currículo, revelando traços fundamentais da personalidade, estilo de trabalho, tomada de decisão, resiliência e perfil relacional.

Esses dados permitem que o RH e os gestores tomem decisões mais seguras, alinhando melhor o profissional à vaga e ao ambiente.

Por que utilizar essa ferramenta na seleção?

  • Mais assertividade: o cruzamento entre perfil comportamental e exigências da vaga reduz riscos de incompatibilidade.
  • Complemento à entrevista: a avaliação fornece dados objetivos sobre aspectos que muitas vezes passam despercebidos em entrevistas convencionais.
  • Apoio ao processo decisório: em situações com finalistas semelhantes, a avaliação pode ser o fator determinante.
  • Integração mais fluida: conhecer o perfil ajuda a adaptar o onboarding, antecipar necessidades e desenvolver estratégias de integração.
  • Redução da rotatividade: quanto mais alinhada for a contratação, maior a chance de retenção.

O que pode ser avaliado?

  • Capacidade de foco e atenção
  • Habilidades cognitivas (raciocínio lógico, memória, tomada de decisão)
  • Inteligência emocional
  • Nível de ansiedade e estresse
  • Resiliência e adaptabilidade
  • Estilo de liderança (para cargos de gestão)
  • Perfil de relacionamento interpessoal

Exemplo prático:
Imagine duas candidatas finalistas para uma vaga de coordenadora de equipe. Ambas têm excelente currículo, boa experiência e entrevista satisfatória. No entanto, a avaliação psicológica aponta que uma delas apresenta tendência a assumir responsabilidades sozinha, evitando delegar. Já a outra possui maior flexibilidade relacional e facilidade de comunicação com pares e superiores. Para uma função de liderança com foco em trabalho colaborativo, esse dado é decisivo.

Cuidados essenciais

  • A avaliação deve ser conduzida por psicólogos(as) com CRP ativo, conforme as normativas do Conselho Federal de Psicologia.
  • Os instrumentos utilizados precisam estar regularizados e aprovados pelo SATEPSI.
  • Os resultados devem ser usados com responsabilidade e ética, jamais como julgamento absoluto, mas como parte de um conjunto de informações.
  • É fundamental explicar ao candidato o objetivo da avaliação e garantir sigilo dos dados.

Quando vale a pena aplicar?

  • Em processos seletivos de cargos de liderança ou posições estratégicas
  • Quando há alta rotatividade no setor e busca-se entender causas profundas
  • Quando se busca construir um time com competências comportamentais bem definidas
  • Quando há dúvida entre candidatos tecnicamente similares

Conclusão:
A avaliação psicológica no recrutamento é uma aliada poderosa para empresas que desejam contratar com consciência, profundidade e visão de futuro. Ela amplia a leitura sobre os candidatos, promove alinhamento entre expectativas e perfil e contribui diretamente para o fortalecimento da equipe.

Num mundo em que o currículo e a entrevista já não bastam para prever o sucesso de uma contratação, conhecer quem está por trás do papel faz toda a diferença.